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MATRAGA NA PANDEMIA

Atualizado: 31 de jan. de 2021

O pedreiro Matraga diz sobre a pandemia e como lida com a situação em tempos turbulentos.


 

Num é de ver que resolvi escrever mais um punhado de coisa. Dessa vez num é nada de mim. Venho falar desse bicho arredio que é a vida. A minha já deixei de mão faz tempo e tento junta os caco que sobrou, para fazer ao menos um chapisco.


Diz por aí que gente simples e sem estudo igual eu, num pode dizer dessas coisas da vida e que nada dela sabemo. Mas eu digo, sem remediar, que quem sabe da vida é aquele que viveu mais coisa. E eu acho que pelo tanto que vivi, ainda foi poco pra saber um punhado.


E pensando nesse trem de pandemia, desse vírus aí que mata mesmo. Já matou mais de 200 mil só aqui nesse Brasilzão sem fim. E três de nossos irmão brasilandense. Digo que por aqui o povo num tá muito esquentando a cabeça. Gente sem máscara pra todo lado, se juntando para fazer farra. Éeeeee...o trem tá feio.


E cada um tá preocupado com o seu. E é assim desde o tempo que marrava cachorro com linguiça. O comerciante preocupado com seu comércio, com razão. O jove com essa pressa de viver e coloca todo mundo em risco, quando sai de casa pra se juntar com otros. Os políticos numa sinuca de bico pra tomar decisão difícil, que às vez vai desagradar o povo.


Lá em casa Ketellyn é a com mais juízo e aconselha o resto da turma. E quando os mais véi ri dela já logo ponho orde de que ninguém é pra pôr o pé para fora, inda mais se for pra agromera. Nu início, eu num tava muito ligando para esse trem não, foi até Ketellyn me contar que a coisa era grave mesmo.


Diz que até eu tô no grupo de risco, já que gosto do palherim e dele num abro mão. Aí os pulmão fica fraco, mesmo a gente tendo dois. O jeito é a gente ficar apregado em casa, quando não tem que trabaiá. A vida num espera a gente e se para, atrupela. Pobre não tem para onde correr. É garra cum Deus e torce para essa vacina chegar logo. E se chegar, até pica o braço da gente vai um prazo.


Já que Dionísia continua afastada de mim, fico aqui na beirada mais de baixo do bairro Portô. Eu e Zé Colmeia, meu vira lata amarelo sem vergonha. Bicho bagunceiro, mas amoroso. Mió do que gente. Digo que cachorro pensa. É bicho sabido, pois perdoa rápido, num guarda rancor e dá amor sem medida. Já bicho homi é trem ruim de mexer e num amolece o coração nem quando tá morrendo gente adoidado.


 

Notas.


Nota¹: texto escrito em brasilandês (sem tradução).


Nota²: aos que questionam o espaço dado a Matraga, por motivo de ser um semianalfabeto. Vocês estão certos, mas não ligamos para essas opiniões contra o nosso colunista.


Nota³: Matraga é uma personagem ficcional.


Fontes:


https://www.brasilandiademinas.mg.gov.br/transparencia-covid19.html

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55581800


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